As revistas vão sobreviver e prosperar porque nunca fomos tão preguiçosos e nunca estivemos tão ocupados. Porque a vontade de consumir informação e entretenimento de formas cada vez mais rápidas e sofisticadas não pára de crescer. Porque, cada vez mais, queremos só o que nos interessa e esteja adaptado ao nosso estilo de vida.
Somos demasiado comodistas e em breve exigiremos que alguém se ocupe do busy work por nós. Mais do que nunca.
Nunca houve tanta coisa a gritar pela nossa atenção. Mas também nunca tivemos tão pouco tempo para fazer o que gostamos. Mil e um afazeres sobrecargam os nossos dias. Um ou mais empregos, faculdade, família, amigos, etc. Os novos estilos de vida garantem que nunca estejamos ou possamos estar parados muito tempo no mesmo sítio. Estamos sobrecarregados, mas continuamos a querer estar ligados e a consumir conteúdos.
Os novos dispositivos móveis são objecto de cobiça porque nos permitem essa ligação e ainda ficar a par da next best thing, seja ela qual for. Não é tanto uma questão de especificações técnicas, processadores ou memória (e é por vender tecnologia que as tablets Android falham) como é uma questão de «com isto posso ver vídeos, ouvir música, falar com os meus amigos e não perder nada do que se passa no mundo». É uma questão de entretenimento.
A Web? Essa é uma enorme confusão. Navegar já não é tão empolgante como costumava ser. Hoje estamos mais interessados em encontrar. Não temos tempo nem paciência para navegar pelas profundezas da Web. Somos attention whores numa attention age. Queremos resultados imediatos, queremo-los já, para ontem e sem ter de recorrer à Web.
Daí o sucesso das aplicações móveis dos smartphones, tablets e até dos PCs (vejam a Mac App Store). Elas ensinaram-nos que é possível consumir conteúdos de formas mais rápidas e eficazes. Ensinaram-nos que é possível não perder nada daquilo que nos interessa mesmo que estejamos mais ocupados do que nunca. E elas ensinaram-nos a ser preguiçosos, a optar pela conveniência de encontrar em vez de procurar.
A nossa crescente preguiça e falta de tempo levará ao surgimento de uma nova geração de revistas (digitais).
Quando os smartphones e tablets se disseminarem quereremos não só rapidez, informação e entretenimento, como a rapidez, informação e entretenimento certos. Quereremos gastar o nosso pouco tempo livre de forma útil, consumindo informação e entretenimento que nos recompensará. Quereremos alguém a ocupar-se do busy work por nós para filtrar exactamente aquilo que nos interessa e de forma personalizada. Quereremos revistas.