Curtas: Nintendo e Black Metal na mesma frase

Foto: last.fm (DR)

Quem já visitou o Acerca do Digital Doings sabe que eu sou um pequeno Nuno Rogeiro. Eu é tecnologia, comunicação, videojogos, pastéis de nata… Estou a brincar. Não gosto assim tanto de pastéis de nata.

Outra das minhas paixões é música metal, mais especificamente a vertente Black do género. Até tenho um Tumblr dedicado ao assunto que atualizo todas as sextas-feiras.

Por estas e outras razões achei imensa graça descobrir que já posso usar as palavras “Nintendo” e “Black Metal” na mesma frase.

Enquanto assistia ao One Man Metal, um documentário dedicado «às mais obscuras franjas do metal», na Vice descobri que o rapaz na capa do velhinho Skate or Die 2 da EA para a NES é na verdade Jef Whitehead, o membro fundador da (discutivelmente) mais importante banda de Black Metal norte-americana da atualidade Leviathan.

Foto: Wikipedia (DR)

Fica o fun fact.

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Com a verdade me enganas

Foto: DR

É com um misto de surpresa e repulsa que acompanho os eventos que surgem no seguimento de um artigo da autoria do Rab Florence a propósito da relação dos jornalistas de videojogos com as marcas, publicado anteontem no Eurogamer.net.

Resumidamente, Rab Florence, que contribui contribuía ocasionalmente com artigos de opinião para o reputado website britânico, escreveu uma peça na sequência da circulação pela Internet da imagem do jornalista Geoff Keighley sentado ao lado de snacks e refrigerantes e da história sobre os jornalistas que participaram num evento da indústria dos videojogos para ganhar uma consola. Desde então, uma das jornalistas citadas, Lauren Wainwright, e o seu empregador alegaram difamação e, especula-se, ameaçaram o Eurogamer com um processo legal. O Eurogamer editou a peça e pediu desculpas à jornalista. Rab Florence já não escreve para o Eurogamer. Pelo meio ficamos a saber que a Lauren Wainwright fez/faz (é difícil dizer já que a senhora tem dobrado esforços nas últimas horas para apagar as suas pegadas digitais) trabalho de consultoria para a Square Enix e foi inclusive apanhada a mentir quando negou ter já escrito análises de jogos dessa editora.

É uma longa história e para ficarem por dentro de todos os detalhes recomendo vivamente que leiam primeiro o artigo de Florence* e depois os apanhados de sites como a Forbes, Penny Arcade e Kill Screen.

Sou bastante sensível a esta matéria. Fiz jornalismo de videojogos no passado. Foi o que comecei por fazer e nesse sentido aprendi muitas coisas cometendo erros. Agora estou do outro lado; deixei o jornalismo para trabalhar numa consultora de comunicação. Tenho credenciais suficientes para argumentar a propósito do assunto e é exatamente isso que vou fazer.

As preocupações do Rab Florence são legítimas. Não é razoável, tampouco eticamente aprovável, que jornalistas de videojogos façam Tweets sobre jogos com a intenção de ganhar consolas. Ponto final. Mas até aconteceu pior! Porque quando chamados à atenção, esses jornalistas ainda defenderam o seu direito de participar nesse concurso. A um jornalista queixoso, o John Walker, disseram inclusive «It was a hashtag, not na advert. Get off the pedestral». É não ter bom senso e noção do que é ser jornalista.

Gostava só de deixar aqui algumas dicas para os jovens jornalistas de videojogos em Portugal na esperança que situações como estas possam ser evitadas (mais tarde voltarei a pegar neste assunto):

1. Sejam sinceros. Nada passa despercebido na Internet. Se fazem ou fizeram trabalho de consultoria (ou outros) para uma editora informem os vossos leitores. Se têm ações de uma empresa de videojogos informem os vossos leitores. São os vossos leitores e não vocês que devem decidir se essa informação é relevante ou não. Clareza acima de tudo.

2. Os RPs têm de ficar desconfortáveis com a vossa presença e não o contrário. O vosso trabalho é navegar pela bullshit, fazer perguntas difíceis e não ceder a pressões, nem que isso signifique perder dinheiro de publicidade (se isso vos incomodar mudem de profissão).

3. Não aceitem “presentes” sejam de que natureza forem. Enviaram-vos um jogo para testar? Testem-no e depois desfaçam-se dele. Reenviem-no para a editora ou entreguem-no a uma instituição de caridade.

4. Tenham bom senso. Nunca é demais repetir.

O que falta no jornalismo de videojogos não são necessariamente mais meios ou sites com melhor aspeto; não são escribas mais competentes ou melhores condições de trabalho. O que faz mesmo falta é integridade jornalística.

 

* Deixo em baixo o pedaço que foi cortado do artigo do Rab Florence (em inglês):

«One games journalist, Lauren Wainwright, tweeted: ‘Urm… Trion were giving away PS3s to journalists at the GMAs. Not sure why that’s a bad thing?’

Now, a few tweets earlier, she also tweeted this: ‘Lara header, two TR pix in the gallery and a very subtle TR background. #obsessed @tombraider pic.twitter.com/VOWDSavZ’

And instantly I am suspicious. I am suspicious of this journalist’s apparent love for Tomb Raider. I am asking myself whether she’s in the pocket of the Tomb Raider PR team. I’m sure she isn’t, but the doubt is there. After all, she sees nothing wrong with journalists promoting a game to win a PS3, right?

Another journalist, one of the winners of the PS3 competition, tweeted this at disgusted RPS writer John Walker: ‘It was a hashtag, not an advert. Get off the pedestal.’ Now, this was Dave Cook, a guy I’ve met before. A good guy, as far as I could tell. But I don’t believe for one second that Dave doesn’t understand that in this time of social media madness a hashtag is just as powerful as an advert. Either he’s on the defensive or he doesn’t get what being a journalist is actually about.»

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