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Curtas: Nintendo e Black Metal na mesma frase

Foto: last.fm (DR)

Quem já visitou o Acerca do Digital Doings sabe que eu sou um pequeno Nuno Rogeiro. Eu é tecnologia, comunicação, videojogos, pastéis de nata… Estou a brincar. Não gosto assim tanto de pastéis de nata.

Outra das minhas paixões é música metal, mais especificamente a vertente Black do género. Até tenho um Tumblr dedicado ao assunto que atualizo todas as sextas-feiras.

Por estas e outras razões achei imensa graça descobrir que já posso usar as palavras “Nintendo” e “Black Metal” na mesma frase.

Enquanto assistia ao One Man Metal, um documentário dedicado «às mais obscuras franjas do metal», na Vice descobri que o rapaz na capa do velhinho Skate or Die 2 da EA para a NES é na verdade Jef Whitehead, o membro fundador da (discutivelmente) mais importante banda de Black Metal norte-americana da atualidade Leviathan.

Foto: Wikipedia (DR)

Fica o fun fact.

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Edição de colecionador

As posições relativas aos formatos físicos (livros, filmes, música, jogos…) dividem-se em dois grandes grupos: (1) os que querem continuar a consumir formatos físicos; e (2) os que já adotaram ou querem adotar um consumo 100% digital. Não me identifico com nenhum deles.

Eu sou um adepto incondicional dos formatos físicos. Para mim não há ficheiro que substitua uma edição volumosa do “The Lord of the Rings”, ou thumbnail e PDF que substitua uma EP obscura da minha banda do momento. Tiro um gozo tremendo em jogar Skyrim com o mapa do jogo estendido na mesa de centro da minha sala, e deliro só de olhar para as edições limitadas de alguns blu-rays. Nada disto quer dizer, ainda assim, que eu seja contra um futuro predominantemente digital. Pelo contrário.

Eu também sou um adepto incondicional dos conteúdos digitais. Quero continuar a consumir filmes, música, jogos e livros, mas não tenho grande interesse em possuir todos os conteúdos em formato físico. Apenas os que são *mesmo* especiais.

Não é preciso sequer ir buscar estudos de mercado e outros trabalhos estatísticos para perceber que caminhamos a passos largos para um futuro predominantemente digital. Isto são boas notícias. É exatamente por isso, aliás, que acredito estarmos prestes a assistir ao advento de novos serviços print-on-demand.

I Finally Cracked It (not really)

O meu problema com a maioria dos conteúdos em formato físico é este: são demasiado impessoais numa geração que anseia por artigos talhados à medida. Por mim falo. O primeiro “The Hobbit” que comprei era tão bleh que só quando adquiri a edição do 75º aniversário é que consegui ler o livro do princípio ao fim.

Um artigo publicado na Wired (Dez 2011), intitulado “A New Hope for Books”, fez-me pensar sobre o futuro da indústria livreira em particular – e como esse futuro não passa apenas pelo Kindle. (É conveniente que este artigo surja na Wired com o tema de capa “Amazon”.) No artigo, escrito pelo jornalista Clive Thompson, lê-se que «As editoras dos livros “grandes” vão continuar a optar pelo Kindle e companhia, enquanto as editoras mais modestas vão recorrer ao print-on-demand para formatos que priviligiem a fisicalidade tais como mementos, livros visualmente luxuosos e edições limitadas e personalizadas de obras literárias»[1]. Eu acho isto interessantíssimo, mas vou mais longe.

Os livros – mais do que os filmes e a música e muito mais do que os videojogos – têm, literalmente, centenas de anos de tradição. Os elementos constituintes do livro só nos últimos anos receberam uma mutação significativa na forma de e-books. Há muito tempo que os livros, independentemente do seu tamanho ou encadernação, são muito semelhantes (tivemos mais mecanização com o passar dos anos, mas não muito mais).

Os livros em formato físico vão subsistir muito depois do desaparecimento dos filmes em blu-ray ou mesmo da música em CD (já nem falo dos videojogos). Eu acredito nisto por duas razões: (1) por causa dessa tradição com centenas de anos; e (2) porque os livros, ao contrário dos outros formatos de entretenimento, não precisam se não deles próprios para serem consumidos.

De novo, não tenho ilusões: os e-books vieram para ficar, mas isso não significa o desaparecimento do livro como o conhecemos.

O que eu quero

Uma Threadless ou Sculpteo dos livros, basicamente. Já existem algumas empresas que produzem livros personalizados como a Lulu ou a Blurb, mas o serviço direcciona-se em especial para self-publishers. O que eu quero é um serviço que me ofereça um catálogo completo de livros de ficção e não-ficção aliado a uma panóplia de opções de personalização para eu poder criar os meus próprios livros.

Imaginem a seguinte situação: um livro como “A Canticle for Leibowitz”, que retrata a história de um grupo de monges que procuram preservar o que resta da civilização após uma guerra nuclear, poderia ser personalizado de tal forma que ostentasse uma hardcover com o grafismo reminiscente da primeira edição do livro, formato A4, folhas com aspeto gasto e fonte com caracteres de estilo medieval. E sem excertos de críticos na capa e/ou contracapa. Se o livro fosse para oferta seria até possível acrescentar uma folha com mensagem impressa.

As vendas dos livros em formato físico vão piorar antes de melhorar, mas o sucesso dos e-books vai em última análise abrir as portas para o surgimento de novos negócios e mercados na área da impressão. Há toda uma questão de licenciamento que estou aqui a ignorar, mas uma vez ultrapassadas todas as barreiras o que fica é uma indústria com potencial para crescer e florescer. Voltando ao artigo do Clive Thompson, «O print-on-demand (…) vai manter os livros vivos – ao permitir que eles sejam muito mais esquisitos»[1].

A ideia aqui é acrescentar valor ao produto original, nem que para isso seja preciso pagar premium (a vantagem do ponto de vista da empresa) pelo privilégio de ter um livro personalizado à medida (a vantagem para o consumidor).

[1] Thompson, Clive. “A New Hope for Books.” Wired. Dez 2011: pag 62

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

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